Por conta do novo coronavírus, a queda da bolsa e a disparada do dólar tem se tornado assuntos cada vez mais recorrentes. Mas até onde o dólar vai? Como isso pode afetar as suas viagens?
Nós, da GR Travel Groups, conversamos com o economista Sandro J. R. Roeper e preparamos este texto com o que você precisa saber sobre Dólar e Viagens, para que você saiba como se planejar. Então, continue lendo para saber mais.
O novo coronavírus começou atingindo principalmente a China, que é a segunda maior economia do mundo e também o ponto de partida de muitos produtos consumidos em todo o mundo.
Quando a China fechou suas fábricas e fronteiras para tentar conter o novo vírus acabou afetando a cadeia global de suprimentos e a produção industrial em todos os lugares do planeta. Além de ser um grande exportador de produtos, a China também é um dos maiores compradores do mundo. Para o Brasil não é diferente: a China é nosso maior comprador de soja e minério de ferro, entre outras coisas.
Neste contexto, duas coisas pressionam a cotação do dólar. Primeiro é que, se a segunda maior economia do mundo está com problemas para comprar e vender produtos, gera-se incerteza quanto a lucratividade das empresas, muitas das quais tem ações na bolsa de valores. Como os investidores não gostam de incertezas, eles procuram por algo mais estável e seguro, como é o caso dos títulos da dívida americana. Para o dinheiro sair daqui é preciso transforma-lo em dólares e, portanto, ocorre um movimento da saída de dólares do país.
O Brasil também é afetado pela redução do volume e do preço de suas exportações. Para comprar os produtos brasileiros os outros países precisam enviar dólares para cá. Como existe menos demanda, entra uma quantidade muito menor de dólares no país.
Então, por um lado temos uma saída de dólares extremamente rápida, gerada pelas incertezas quanto ao futuro, e por outro lado, temos expectativa de que entrem menos dólares, já que exportações daqui pra frente serão mais baratas e em menor volume. Essas duas situações estão levando a cotação da moeda americana aos maiores níveis da história.
Para entender melhor a relação entre o dólar e viagens, o gráfico abaixo trás os valores da cotação do dólar (taxa de Câmbio) e das expectativas para a cotação no final dos meses de junho/2020, dezembro/2020 e Dezembro/2021, com base nos dados do relatório Focus do Banco Central que contempla as expectativas dos principais operadores de câmbio do Brasil.
O que podemos ver analisando este gráfico é que, no inicio de janeiro existiam poucas incertezas em relação à economia mundial, tudo o que afeta a economia estava precificado. Portanto a cotação em janeiro e as expectativas quanto à cotação no futuro estavam bem próximas.
A medida que a crise do Corona Vírus ia ficando evidente começaram os movimentos de saída de moeda e a cotação começou a acelerar, mas as expectativas eram de que o dólar logo voltaria aos patamares anteriores num valor mais baixo. A medida que a pandemia se espalhou gerando incertezas bem mais profundas a cotação disparou, mas a expectativa quanto ao valor futuro não se acelerou tanto.
Quanto mais para o futuro a expectativa é de uma cotação menor. Por exemplo, a expectativa é de que, a taxa de câmbio em junho de 2020 seja 4,59 em dezembro de 2020 seja de 4,50, em dezembro de 2021 seja 4,29.
As expectativas do relatório Focus são feitas com base no que os analistas vislumbram na conjuntura atual. Como podemos ver no gráfico as expectativas foram se alterando a medida que ia se percebendo que o cenário da pandemia era mais grave para a economia do que se pensava a princípio.
Não existe nada que dê tanta lição de humildade nos economistas quanto fazer projeções sobre o câmbio. Dito isto, após o pico de alta, espera-se que o preço do dólar recue, mas não retorne ao mesmo nível de anos anteriores, ou seja, não vai voltar aos R$ 4,00 ou menos, até porque a situação do preço baixo das exportações brasileiras pode perdurar por um bom tempo. Neste momento tudo depende do controle desta pandemia e, consequentemente, do retorno da atividade econômica à níveis previsíveis.
Como já vimos, a tendência da moeda americana é manter-se na casa dos R$ 4,50 no segundo semestre de 2020 e com uma pequena redução para 2021.
Para quem estiver planejando uma viagem nesse ano, não vai adiantar esperar muito, pois dificilmente vai haver uma redução maior.
O ideal é tentar negociar com as Agências de Viagem, pois no cenário atual todos estão interessados em manter as vendas e vão abrir mão de alguma diferença no câmbio para conquistar os clientes.
Já para quem tem viagem marcada e precisa comprar o dólar, é interessante pesquisar as tarifas das casas de câmbio e ir comprando aos poucos, até a data da viagem.
Mas lembre-se sempre de observar a situação econômica e a evolução da pandemia, para saber a relação entre o dólar e viagens, pois essas são variáveis importantes que devem ser consideradas, e podem trazer mudanças significativas às taxas de um dia para o outro.